quinta-feira, 23 de julho de 2009

Caravelas

Cheguei a meio da vida já cansada
De tanto caminhar! Já me perdi!
Dum estranho país que nunca vi
Sou neste mundo imenso a exilada.

Tanto tenho aprendido e não sei nada.
E as torres de marfim que construí
Em trágica loucura as destruí
Por minhas próprias mãos de malfadada!

Se eu sempre fui assim este Mar-Morto,
Mar sem marés, sem vagas e sem porto
Onde velas de sonhos se rasgaram.

Caravelas doiradas a bailar...
Ai, quem me dera as que eu deitei ao Mar!
As que eu lancei à vida, e não voltaram!...

Florbela Espanca, in "Livro de Sóror Saudade"

poema

Poesia de Amor

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Coisas, Pequenas Coisas




Fazer das coisas fracas um poema.

Uma árvore está quieta,
murcha, desprezada.
Mas se o poeta a levanta pelos cabelos
e lhe sopra os dedos,
ela volta a empertigar-se, renovada.
E tu, que não sabias o segredo,
perdes a vaidade.
Fora de ti há o mundo
e nele há tudo
que em ti não cabe.

Homem, até o barro tem poesia!
Olha as coisas com humildade.

Fernando Namora, in "Mar de Sargaços"

domingo, 5 de julho de 2009

A Sofia

Hoje mais um convivio
E neste conheci melhor uma menina de nome Sofia não sei bem ao certo, mas creio que tem por aí uns 12 anos.
A Sofia nasceu uma criança normal, mais ou menos pelos 2 anos e meio caiu numa regadeira com água ficando com a cara para baixo, dando origem a que sofresse uma parelezia cerebral, não tenho a certeza de ser este o termo: não fala, não come pela mão dela,não anda sozinha,nem tem reacção nas mãos,no andar tem melhorado alguma coisa.
No entanto, é muito carinhosa,e também aprecia muitos os carinhos, não tinha ainda tentado chegar-me muito a ela, hoje fi-lo e em boa hora o fiz, bastou que lhe fizesse um carinho nas mãos falasse para ela e recebi um afectuoso abraço,fiquei feliz
pois por várias vezes tenho estado ao pé dela e não tinha tido coragem, pois também não tinha muita convivência com os pais receando por isso que os magoasse.
Foi mais um momento daqueles que não esquece.